domingo, 24 de julho de 2011

Olinda

Calabar - Chico Canta, 1973

De cinza a cinza,
a tonalidade de teu sorriso
enfoca o dia chuvoso,
sinto-te sóbria, alma noturna,
penumbra que arranha-me,
lençol branco ensanguentado.
De gota a gota,
a maresia inebria os abraços, 
o som do pandeiro apertado,
caboclo tragando um cigarro,
a sutil epopéia do vestido
cinza de cinzeiro.
Naquela tarde ranzinza,
a ventania levantava as telhas,
água a entrar nas casas velhas,
morro de mofo, fossa revertida
dia de sentir odor de Malária.
De cinza a cinza, 
morrerás embriagada aos vinte e pouco mil anos,
miragem paisagística lusitana
álcool dionisíaco  
Éden e serpente,
Olinda queimando Calabar.


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