quarta-feira, 13 de julho de 2011

Terça-Feira

Auguste Rodin, Sapphic Couple

Meia furada, sapatos dessolados, calças sujas.
A cara de consolo desolada, rubra,
luz que pisca no ventilador de teto,
entre as três e quatro horas da madrugada.
O mundo que afaga, também desbota.
Seremos nada mais do que uma rasura
transtornada pelo cruzar de linhas contínuas,
ou um congestionamento com sinal fechado,
perturbando os ouvidos alheios, 
trânsito de avenida engarrafada,
roubando o nosso sono com um caco de vidro na mão.
Esse contorno que se parece nó de marinheiro,
dado em corda velha, nos seus pulsos, nos meus braços,
gradualmente enforcando-nos com um lençol manchado,
até ouvirem os gritos, dos loucos, dos lobos,
dos cachorros ao latirem sobretudo fascinados
ao mirar a lua sendo ofuscada pelo sol. 

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